O ambiente escolar saudável e equilibrado é importante para o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Existem algumas práticas de incentivo, que podem camuflar a punição.
Há escolas que adotam alguns “métodos” para incentivar os pequenos alunos.
O objetivo é de que estes se adequem ao comportamento desejado ou desenvolvam certas habilidades.
Dentre as crianças que atendo em meu consultório, algumas relataram este tipo de situação:
O professor, que na maioria das vezes é um dos ídolos da criança no inicio da escolarização e alfabetização, propõe alguma recompensa como forma de incentivo para os alunos.
Este incentivo pode ser aplicado de diversas formas em diversos contextos.
Um exemplo disto é o professor prometer algo, como recompensa para o aluno que cumprir, corresponder ao comportamento estipulado por ele.
Legal, se pensarmos racionalmente, isto é um incentivo, que por sua vez, é ou deveria ser um meio de motivar os alunos que descumprem ou não conseguem realizar o comportamento desejado.
Teoricamente até funciona bem, mas na prática tal atitude provavelmente sairá desta lógica e trará outras questões subtendidas neste “método”, uma vez que o mesmo estímulo afetará cada criança de um modo diferente.
Para aquelas que conseguem corresponder às expectativas da professora, talvez sintam-se bem em receber a recompensa prometida inicialmente.
Porém, para aquelas que geralmente não conseguem, tal atitude pode se tornar um evento frustrante na vida escolar e também pessoal, o que pode ocasionar o efeito ou a resposta contraria ao que se espera.
Talvez algumas crianças até consigam, com certo esforço e dificuldade, uma vez ou outra corresponder ao incentivo ou estímulo, ansiando satisfazer o próprio desejo de receber a recompensa e, assim também, e ou principalmente suprir as expectativas da professora.
Contudo, questiono se isto está camuflando a punição:
Pois, partindo do pressuposto que sempre os mesmos alunos conseguem apresentar o comportamento esperado.
E o mesmo se dá para os que não conseguem, o suposto incentivo ao invés de motivar, gera a privação do reforço positivo.
Portanto, gera desmotivação e se transforma em punição, considerando que há um esforço imenso por parte destes alunos e, raramente serão recompensados.
Quando coloco que isto funciona na teoria, é por concordar com o pensamento da psicologia cognitivo-comportamental, no qual o esquema básico propõe: estimulo – resposta.
Porém, existe no meio o sujeito que receberá o estimulo, o processará e emitirá uma resposta.
Todavia, o sujeito, que é uma pessoa, responderá ao mesmo estímulo de formas variadas.
Considerando, que cada sujeito carrega consigo um universo distinto que remete à sua própria história e experiência de vida, que portanto será evocado, inconscientemente ou conscientemente para resolver a questão utilizando os recursos internos disponíveis.
Algumas vezes, dependendo do manejo do professor em sala de aula, o mesmo pode acreditar que alguns alunos não correspondem ao esperado por que não querem.
Mas, é extremamente importante, o mesmo abrir-se para ver este aluno e conseguir perceber suas habilidades e limitações.
Assim, o professor poderá verdadeiramente auxiliar o aluno a superar suas limitações utilizando-se das habilidades que já possui.
Além de gerar um clima mais prazeroso para a viabilização do processo de aprendizagem:
- minimizará a competitividade entre os alunos;
- estimulará as relações interpessoais, fazendo da escola um local agradável e confiável para as crianças.
Para alguns professores é um desafio, mas com certeza se conseguirem inserir atitudes positivas na prática escolar, serão considerados exímios educadores.
E, uma última palavra:
Na psiconeuroimunologia, base da biopsicologia, já está sendo difundido, após comprovações científicas que as pessoas que estão inseridas em ambientes prazerosos, positivos e recebem elogios mesmo diante das pequenas conquistas:
- ativam hormônios que facilitam a aprendizagem e o desenvolvimento de novas habilidades;
- aumenta a probabilidade de se tornarem pessoas mais autoconfiantes;
- com elevada autoestima;
- e, com maiores chances de terem sucesso na vida, além de serem mais felizes.
Marcela
Gostei muito do texto, com certeza será lido e comentado em reunião pedagógica, contribuindo para o enriquecimento dos nossos preofessores e consequentemente dos nossos alunos.
Professora Rita
Rita,
é bom saber que o texto irá contribuir para o trabalho da escola, reflexão da equipe e bem estar dos alunos, que a meu ver, estes últimos, são o principal motivo da escola existir.
Gostei demais do texto, Marcela! Estamos aplicando este método de incentivo com a Mariah para minimizar as birras e para que ela aprenda a escutar o “não”… o que estava bem difícil. O seu texto me alerta para não infligir culpa caso ela não consiga o bom comportamento.
Saudade de vocês…
Abraços
Oi Aline,
quando escrevi este texto, pensei e foquei o contexto escolar. Mas que bom que te levou a reflexão. Educar os filhos, muitas vezes é por tentativa e erro … acho importante você estar aberta para refletir sobre suas atitudes e também para perceber o que está funcionando ou não para ir modificando o que achar necessário. Mas, acredito que também valha a pena atentar-se para observar se a Mariah não está usando das situações para manter o comportamento que ela já tem e que de alguma forma é “conveniente” para ela.
Nesta situação o incentivo pode funcionar bem porque não envolve a comparação com outras crianças que conseguem ter o comportamento que vocês esperam que ela tenha. Mas também é importante cumprir com os combinados para que ela desperte a percepção do que é melhor para ela e tenha a possibilidade de experimentar o sabor das conquistas, mesmo que pequenas.
também estamos com muitas saudades,
beijos