Afinal o que é a dúvida? Um sentimento? Uma sensação? É psicológica? É física?
Eu digo que a dúvida é um sentimento, uma emoção, portanto é psicológica capaz de gerar sensações orgânicas, manifestando-se também no físico.
A dúvida nunca está só:
Ela geralmente nasce quando se precisa tomar decisões.
E de acordo com a relevância, o impacto que esta decisão tem na vida tanto maior e agregada a mais elementos a dúvida crescerá, as vezes, proporcional ou desproporcionalmente até tomar conta da racionalidade e assim, impedir e / ou adiar que se tenha uma atitude assertiva.
Se prestar atenção a dúvida surge, inclusive, em situações simples, tais como:
- Vou por qual lado da rua hoje?
- Será que vai esfriar?
- Levo ou não um agasalho?
- Será que fico mais cinco minutos na cama?
No caso destes exemplos, para a maioria das pessoas a resposta é automática e, portanto é limiar entre consciente e inconsciente, pois geralmente tão logo surge à questão simultaneamente acontece à ação.
Mas há pessoas que, mesmo diante de situações corriqueiras, se paralisam arrebatadas por forte indecisão originada pela insegurança e o questionamento entra num crescente infindável. Estas estão num grau patológico.
A dúvida pode ser benéfica do ponto de vista que gera reflexão e auxilia a perceber os prós e contras da decisão, sendo agente conscientizador.
Para algumas pessoas a dúvida e o questionamento surgem quando necessitam decidir sobre situações que mudarão suas vidas a médio e longo prazo e, muitas vezes envolvem a estabilidade financeira.
A dúvida é um “se não” para o impulso que pode levar ao arrependimento.
Quando a dúvida começa paralisar o agir, é imprescindível atentar-se tanto aos pensamentos, questionamentos e também para as sensações e sentimentos, pois um terá forte influência sobre o outro e se retroalimentarão.
Utilizarei abaixo uma situação hipotética para ilustrar e facilitar a compreensão:
Uma pessoa quer mudar de trabalho por estar insatisfeita com o atual. – isto é um fato, uma certeza.
Então, ela decide enviar currículos. – outro fato.
A pessoa é chamada para entrevista e recebe uma boa proposta de trabalho. – neste momento sente-se feliz, invadida por uma leve euforia, a vida está sendo generosa e retribuindo os seus esforços.
Logo em seguida inicia-se um questionamento: “mas e se…” … e se não der certo? … e se eu não passar na experiência? … como vou arcar com meus compromissos? etc. – começou o processo de dúvida reforçado por pensamentos negativos e crenças limitantes.
As respostas às questões são rápidas.
Todo organismo se mobiliza para resolver, mental e emocionalmente, a situação.
A dúvida muitas vezes vem como mecanismo de defesa para lidar com a ansiedade, a insegurança, o medo, a possível frustração e antecipação dos fatos. – isto é, conflito interno de origem externa, mas com forte impacto psicológico.
Estes sentimentos se intensificam e ao mesmo tempo a respiração se torna cada vez mais curta e ofegante, dificultando a oxigenação cerebral, gerando frio na barriga, opressão e dor no peito, etc.
Neste momento os hormônios – adrenalina e cortisol são secretados em maior quantidade a fim de preparar o corpo para agir rapidamente em situação de perigo, que neste exemplo é psicológico.
Com o corpo preparado para “lutar ou fugir”, a tendência é de que os pensamentos tornem-se confusos e o questionamento aumente.
Porém, neste estágio as questões se distanciam da realidade e perde-se o foco.
Esta é uma forma biológica de autopreservação, segurança e sobrevivência instintiva.
Sem perceber entra numa crise, tal e qual um buraco negro, onde tudo o que entra nele se contagia e se perde em meio ao que já estava lá.
Mas o que fazer nestes casos?
- Primeiro tente se acalmar e interromper o fluxo de pensamentos.
- Concomitantemente, foque sua atenção na respiração até sentir que não faz mais força para o ar entrar e sair, torne-a longa e profunda, sinta-a no abdômen. Isto ajuda a controlar a mente, os pensamentos, a normalizar a secreção hormonal e as sensações físicas.
- Dialogue com os pensamentos negativos e crenças limitantes e observe-as.
- Para cada pensamento negativo ou crença, traga para a consciência um pensamento positivo.
- Procure alguém para conversar.
Contudo, atente-se, pois se este tipo de situação ocorre com certa freqüência, procure auxilio de um psicólogo, talvez seja importante e preciso rever alguns aspectos da sua vida.
E, quanto mais cedo buscar ajuda profissional, mais chances terá de evitar o sofrimento, melhorar sua qualidade de vida, aproveitar as oportunidades, diminuir e até mesmo cessar o ciclo de auto sabotagem.